Em tempos onde itens básicos de sobrevivência, como o gás de cozinha e a cesta básica, sofrem constantes aumentos, confira como as mudanças têm afetado o dia a dia da população
Reprodução/iG Minas Gerais

Em tempos onde itens básicos de sobrevivência, como o gás de cozinha e a cesta básica, sofrem constantes aumentos, confira como as mudanças têm afetado o dia a dia da população

O  Auxílio Brasil, programa do governo federal que substituirá o Bolsa Família, entra em vigor no mês de novembro e terá o valor fixado em R$ 400, por conta de um reajuste de 20% em cima dos atuais valores do programa. Além disso, um outro benefício de caráter temporário será criado com a validade até o final do mandato do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), para que todos os benefícios sociais subam para pelo menos R$ 400.

Mas em tempos de preços inflacionados, onde itens básicos de sobrevivência, como por exemplo o gás de cozinha ultrapassam o valor de R$ 100, o que é possível comprar com um total de R$ 400 destinados para o programa?

A título de comparação, de acordo com o último levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), no mês de setembro, o valor médio da cesta básica no estado do Rio de Janeiro é de R$ 643,06, o quarto maior custo no Brasil. Ou seja, caso o beneficiário do novo Auxílio Brasil destinasse o valor do benefício para a compra de itens da cesta, ele só poderia comprar aproximadamente 62% dos produtos.

Já em relação ao gás de cozinha, no dia 8 deste mês, o Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) sofreu um novo reajuste e subiu 7,22%. Somente em 2021, o reajuste acumulado feito pela Petrobrás totalizou 47,53% e, desde o início de 2020, a alta acumulada é de 81,5%. Do valor total do reajuste, 30% foi repassado para o consumidor, resultando em uma alta de cinco vezes o valor da inflação, apontou a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Entre os dias 13 e 15 deste mês de outubro, O DIA mostrou quanto está custando, em média, o botijão de gás na cidade e estado do Rio. Na cidade do Rio de Janeiro, a média está entre R$ 95 e R$ 105; em São Gonçalo os valores estão entre R$ 99 e R$ 104; já em Nova Iguaçu, entre R$ 99,99 e R$ 109,99; em Caxias a média é de R$ 105 e Niterói, entre R$ 104,99 e R$ 109,99. Ou seja, somente com o preço médio do botijão de gás no estado do Rio, cerca de 25% do valor do Auxílio Brasil é comprometido.

Tantos aumentos se refletem no dia a dia, como é o caso da dona de casa Valdicéa Santos, moradora do bairro Madureira. A aposentada destacou a dificuldade de fazer compras para sua família, composta apenas por ela e seu filho de 24 anos. Segundo Valdicéa, com o preço do gás de cozinha e o preço elevado dos alimentos é preciso pensar duas vezes no que cozinhar, para não gastar com frequência os alimentos caros e, ao mesmo tempo, não gastar muito gás.

“A gente precisa resumidamente cortar alimentos e estamos nos alimentando pior, substituindo uma carne por salsicha. Comprar ovos virou a grande solução porque com isso dá pra inventar mais algumas comidas. É difícil manter alguns itens, como um simples biscoito, por exemplo. Virou um luxo. Ultimamente a dona de casa está vivendo na base do ‘pingado’, comprando poucas coisas e repondo quando acaba, porque senão a gente prende toda a renda em pouquíssimos produtos”, destacou a aposentada.