Cardiologista diz que vítimas de alagação têm até 25% a mais de chance de desenvolver infarto ou AVC

No Médico 24 Horas desta segunda-feira, 5, Dr. Fabrício Lemos entrevista o médico cardiologista e empresário Odilson Silvestre. Natural de Brasiléia, interior do Acre, Silvestre também estudou nos Estados Unidos, e retornou ao estado de origem com objetivo de elevar o patamar de qualidade da saúde. “Você mora nos EUA e todo mundo acha perfeito, mas eu sempre tive a sensação de pertencimento. Sentia que tinha ido buscar algo para trazer o Acre. Para o médico, a oportunidade é em qualquer lugar, mas o Acre precisa do acreano para voltar e fazer diferença”, disse.

Além dos atendimentos, Odilson Silvestre é autor ou co-autor em cerca de 50 artigos internacionais, e no Acre faz parte de um projeto com estudantes de medicina da Universidade Federal do Acre com 10 estudos em andamento. Uma dessas pesquisas, revelou um dado preocupante que acompanha um fenômeno cada vez mais frequente no estado: as alagações.

Uma pesquisa publicada com estudantes da Universidade Federal do Acre sobre as enchentes de 2015, concluiu que vítimas de alagações tem de 15% a 25% mais chances de sofrer um infarto. “A pessoa que está ali, quando é hipertensa e toma remédios, ao alagar, a prioridade é sobreviver, ir para o abrigo, salvar pessoas e bens. A pessoa fica estressada, adrenalizada, pressão sobre, às vezes esquece do remédio ou o medicamento é levado pela água, então pode ter um infarto ou AVC. Essa ideia veio quando houve uma enchente em Brasileia, em 2012, eu tinha um paciente com aneurisma de aorta. Quando veio a enchente, ele ficou estressado e rompeu o aneurisma, sendo vítima de morte súbita, então entendi que as enchentes fazem as pessoas morrerem não só de doenças infecciosas, por afogamento ou acidentes, morrem também por problemas vasculares”, disse.

Silvestre cobrou que a Secretaria de Saúde do Acre tenha ciência do resultado da pesquisa e que, na iminência de enchentes, busque alternativas para combater doenças vasculares. “A Sesacre tem que saber que quando os rios e igarapés enchem, não é só diarreia que aumenta, mas temos que estar preparados e melhorar o sistema de saúde como um todo para receber essas pessoas. Talvez, fazer um programa de prevenção para perguntar às pessoas, no momento do atendimento, se estão precisando dar continuidade a alguma medicação”, afirmou.

Dr. Odilson Silvestre graduou-se em medicina pela Universidade Federal do Rio Grande (2003). Fez residência de Clínica Médica no Hospital das Clínicas de Porto Alegre e residência de Cardiologia no Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da FMUSP. Doutorado em cardiologia pela USP. Fez pós-doutorado em Doença Cardiovascular no Brigham and Women’s Hospital, na Universidade Harvard, Boston, EUA, e Master em Saúde Pública na Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard, Boston, EUA.

Para assistir ao Médico 24 Horas com o Dr. Odilson Silvestre na íntegra, veja o vídeo abaixo:

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