Estudantes de medicina burlam sistema da prefeitura e tomam 3ª dose de vacina

Marcos Guedes, da CNN, em São Paulo

A Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo investiga irregularidades na vacinação de estudantes de medicina que fazem residência médica em unidades de saúde da Capital.
Segundo a prefeitura, alunos da Universidade Nove de Julho se aproveitaram da rotina médica para burlar o sistema e tomar uma terceira dose do imunizante contra a Covid-19. Até agora, nenhuma vacina aprovada pela Anvisa é aplicada em três doses.
A reportagem teve acesso aos documentos da investigação que começou em 17 de junho de 2021. Não há informações sobre quando nem onde foram aplicadas as doses extras. Entretanto, a última movimentação, do dia 29 de junho, pede “apuração para investigação da irregularidade cometida”.
No processo de apuração, a Secretaria Municipal de Saúde aponta ainda que os médicos residentes enganaram os funcionários da unidade de saúde, que só perceberam que tinham aplicado uma terceira dose ao verificar o cadastro dos médicos no sistema que controla a vacinação em São Paulo.
Após o ocorrido, a Universidade Nove de Julho foi comunicada e questionou os estudantes sobre o ato protagonizado por eles. Segundo os professores que coordenam o programa, um dos residentes disse que burlou o sistema porque leu artigos que apontam a eficácia da terceira dose. Foi ele também quem incentivou os colegas a fazerem o mesmo.
A parceria entre a prefeitura de São Paulo e a Universidade Nove de Julho foi firmada em dezembro de 2016 e prevê a oferta de estágios, cursos de graduação e residências em saúde, para que estudantes tenham aprendizado prático e auxiliem no serviço municipal de saúde.
O estágio dos quatro alunos, que já estava prestes a encerrar, foi finalizado no final do mês de maio. A investigação segue em andamento e sob análise do setor jurídico da prefeitura.
A reportagem da CNN consultou o contrato firmado entre a prefeitura e a Universidade. No documento, não há nenhuma cláusula que prevê punição à universidade em caso de prejuízo ao município.
Em nota, a prefeitura de São Paulo informou que “o jurídico da Pasta analisa a denúncia citada pela reportagem. Caso seja constatada alguma infração, serão adotadas as devidas providências.”
A reportagem também consultou a Universidade Nove de Julho, que disse que “A imunização da população é de responsabilidade pública e que não se responsabiliza pela conduta de terceiros”. Os alunos não foram localizados pela reportagem.