Obesidade é doença? Entenda a visão da ciência sobre o assunto

A incidência da obesidade vem aumentando no Brasil e no mundo, o que tem colocado as autoridades de saúde em alerta

Redação

O Dia Mundial da Obesidade é uma campanha global que busca alertar as nações sobre os riscos do excesso de peso entre a população. Segundo a Organização Mundial da Saúde, (OMS), mais de 1 bilhão de pessoas no mundo são obesas – 650 milhões de adultos, 340 milhões de adolescentes e 39 milhões de crianças. E esses números tendem a aumentar.

A obesidade é uma doença crônica, definida pela OMS como o acúmulo anormal ou excessivo de gordura no corpo. Segundo o Ministério da Saúde, a prevalência de obesidade tem aumentado de maneira epidêmica em todas as faixas etárias nas últimas quatro décadas.

Obesidade

“A obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal. Define-se um indivíduo como obeso quando este apresenta índice de massa corporal (IMC) maior que 30. As principais causas para esse problema incluem uma alimentação desbalanceada, principalmente rica em açúcar e gorduras, e o sedentarismo”, explica a Dra. Marcella Garcez, médica nutróloga e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).

A obesidade pode ser resultado de diversos fatores, que englobam diferentes dimensões: biológica, social, cultural, comportamental, de saúde pública e política. O Ministério da Saúde destaca que os fatores genéticos, hormonais e relacionados ao ambiente em que estamos inseridos são exemplos daquilo que não está sob nosso controle. Portanto, perder peso se torna um verdadeiro desafio para pessoas que vivem com excesso.

Além disso, a condição está associada ao aumento do risco para outras doenças como as do coração, diabetes, hipertensão arterial sistêmica, doença do fígado e diversos tipos de câncer. Os pacientes também podem enfrentar problemas renais, asma, agravamento da Covid-19, dores nas articulações, entre outras, reduzindo a qualidade e a expectativa de vida.

Excesso de peso em números no Brasil

De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS, 2020), atualmente mais da metade dos adultos apresentam excesso de peso (60,3%, o que representa 96 milhões de pessoas), com prevalência maior no público feminino (62,6%) do que no masculino (57,5%). Já a condição de obesidade atinge 25,9% da população, alcançando 41,2 milhões de adultos.

E, em 2020, das crianças acompanhadas na Atenção Primária à Saúde (APS) do SUS, 15,9% dos menores de 5 anos e 31,7% das crianças entre 5 e 9 anos tinham excesso de peso, e dessas, 7,4% e 15,8%, respectivamente, apresentavam obesidade segundo Índice de Massa Corporal (IMC) para idade.

Quanto aos adolescentes acompanhados na APS em 2020, 31,8% e 11,9% apresentavam excesso de peso e obesidade, respectivamente. Considerando todas as crianças brasileiras menores de 10 anos, estima-se que cerca de 6,4 milhões tenham excesso de peso e 3,1 milhões tenham obesidade. E considerando todos os adolescentes brasileiros, estima-se que cerca de 11 milhões tenham excesso de peso e 4,1 milhões tenham obesidade.

Vencendo a obesidade

Devido às causas multifatoriais da obesidade, é necessária a implementação de políticas públicas para combater o problema. Para os pacientes com obesidade, o Ministério da Saúde recomenda um tratamento multidisciplinar, com abordagens individuais. No processo de cuidado, devem ser considerados os determinantes e condicionantes do sobrepeso e da obesidade, sem culpabilização, estigmatização e discriminação da pessoa ou sua família.

Para quem deseja perder peso, a Marcella indica adotar uma alimentação saudável e balanceada. Também é imprescindível iniciar a prática de atividade física — principalmente porque essa é uma boa maneira de afastar os diversos problemas de saúde que o sobrepeso pode causar. Além disso, a nutróloga recomenda buscar ajuda de um especialista para ter acompanhamento médico.

“Evite a todo custo receitas milagrosas para emagrecer e dietas extremamente restritivas encontradas na internet. Isso porque, além de não serem realmente eficazes no emagrecimento, essas mudanças drásticas nos hábitos alimentares, como restrição de grupos alimentares e diminuição de calorias e refeições, podem oferecer riscos à saúde quando realizadas sem acompanhamento médico”, alerta.