No dia 11 de abril, Pando voltará às urnas em um segundo turno eleitoral para eleger o governador do Departamento, juntamente com um vice-governador. A votação será decidida entre o médico Germán Richter Alencar (MTS) e o pecuarista Miguel Becerra Suárez (MAS).

Nenhum dos candidatos atingiu 50% + 1 da votação global; e a diferença entre eles é muito menor que 10 pontos. cabendo a Segunda rodada, ou segundo turno.

Ao final desta edição, em 94,58% dos registros apurados, a contagem oficial do TED Pando estabelece que Becerra obteve 40,69% contra 39,24% de Richter.

 

Conheça os dois candidados a Governador de Pando-Bolívia

Papito  –  Médico de porvenir

Germán Richter Alencar (Papito), é médico natural do município de Porvenir. Obteve a profissão estudando Medicina na Universidad del Valle (Univalle) de Cochabamba, nos anos noventa, e voltou a Pando para trabalhar na rede pública de saúde, obtendo amplo prestígio profissional em seu município.

Nas eleições subnacionais de 2010, o médico foi convidado pelo então presidente Evo Morales como candidato a prefeito pelo MAS, e após uma gestão bem-sucedida foi reeleito nas eleições de 2015. Richter tem experiência política acumulada no exercício do seu serviço municipal em Porvenir.

O resultado de seus dois esforços é o surgimento de Porvenir como uma das melhores cidades emergentes de Pando. Construiu um mercado modelo com características metropolitanas; Ele fortaleceu o sistema de saúde pública dada sua experiência como médico, com ótimos resultados diante da pandemia; embelezou os espaços públicos urbanos ao criar uma aldeia amazônica propícia ao turismo em grande escala; eletrificação consolidada da comunidade e fornecimento de água potável por meio do desenvolvimento de tecnologias alternativas; promoveu a defesa das crianças reduzindo os índices de violência doméstica; e promoveu o desenvolvimento educacional de jovens por meio de bolsas de estudo para a Universidade Amazônica de Pando (UAP).

Em 15 de novembro de 2016, durante o exercício de suas funções, o prefeito Richter sofreu um acidente ao cair em um poço – ao tentar atravessar um riacho na comunidade Nueva Unión de Porvenir – atingindo as costas com fratura de vértebra cervical .; o que lhe causou uma paralisia que o obrigou a usar uma cadeira de rodas. Apesar dessa circunstância, Richter não diminuiu a intensidade de suas obras e alcançou mais conquistas em sua gestão; sua liderança humanitária foi fortalecida. Em novembro passado, mais de 65 organizações de base dentro do MAS o propuseram como o candidato ideal para governador.

Chiquitin – O empresário pecuárista

Ao contrário de Ritcher, Miguel Becerra Suárez (Chiquitin), tem a seu favor uma carreira bombástica na luta pelo poder. No final dos anos oitenta, desde muito jovem foi um dos fundadores, em Pando, da Acción Democrática Nacionalista (ADN) e dirigiu o comando juvenil desse partido liderado pelo General Hugo Banzer Suárez, que lhe tinha dado o apelido de “Chiquitín” em virtude de sua marcante precocidade política.

Entrou na arena eleitoral em 1987 como Conselheiro do DNA e em 1989 foi eleito Deputado pelo mesmo partido. Em 1991, ele renunciou à sua delegação para concorrer como candidato do Acordo Patriótico (ADN-MIR) para Prefeito de Cobija; ganhou por uma ampla margem. Em 1997 voltou a candidatar-se a deputado na bancada da DNA e renunciou ao cargo para voltar ao cargo de prefeito nas eleições municipais de 1999. Em 2004 buscou a reeleição na Prefeitura, mas Leopoldo Fernández cruzou seu caminho com o apoio de uma facção de DNA chefiada por Jorge Tuto Quiroga, após a morte de Banzer.

Com o desaparecimento de Banzer, que era seu mentor, Becerra optou por organizar seu próprio partido, o Movimento de Renovação da Amazônia (MAR), desafiando o grupo Leopoldo Fernández por um poder local marcado pela cultura política do caciquismo.

Após a ascensão do MAS em 2006, “Chiquitín” Becerra foi cooptado por Juan Ramón Quintana para ingressar no partido de Evo Morales. Os dois se conheceram em La Paz quando Becerra era deputado da DNA e assessor de Quintana do General Banzer no Ministério da Defesa, sob a gestão ministerial de Fernando Kieffer.

Nos eventos de Porvenir em setembro de 2008, Becerra e Quintana se destacaram como os principais defenestradores do grupo de Leopoldo Fernández. Após os tristes acontecimentos que levaram à militarização de Cobija, ele voltou para sua atividade empresarial nos setores de mineração e pecuária.

Em 2017 assumiu a Presidência da Pando Ranchers Association, tendo promovido a certificação internacional da carne Pandina para exportação para os mercados asiáticos, especialmente China, contando com esse esforço com a estreita colaboração do governador Luis Flores Roberts, que promoveu sua recente candidatura influenciando Evo Morales, contra a indicação de Germán Richter.

A traição de Evo Morales

A imagem circulou em novembro do ano passado, quando 65 organizações de base pertencentes ao Coordenador Nacional para a Mudança (Conalcam) decidiram nomear Germán Richter Alencar como candidato a governador deste partido. Evo Morales foi informado dessa decisão orgânica da base e até a aceitou. Conalcam é formada por organizações de matriz do MAS, como as Bartolinas, organizações indígenas e camponesas, centrais de trabalhadores e sindicatos de vários sindicatos.

No entanto, de acordo com versões dentro do MAS, o então governador Luis Flores conspirou contra a decisão da base, convencendo Evo Morales a escolher o pecuarista Miguel “Chiquitín” Becerra.

Ao anoitecer de 11 de dezembro, Evo Morales tuitou disfarçadamente que “o Diretório Nacional do MAS” havia decidido apoiar Chiquitin Becerra. Diante das demandas da base que se preparavam para a campanha de seu candidato original, Evo Morales atacou Richter “lamentando” que o bem-sucedido prefeito de Porvenir “tivesse sido militante do MAS apenas por causa de problemas”.

Foi assim que Evo Morales traiu a vontade das bases do MAS em Pando, obrigando Richter a pedir emprestada a sigla para La Paz.

Maus-tratos semelhantes ou piores receberam Ana Lucía Reis , declarada “inimiga da morte” por Quintana e Luis Flores, aliados impensáveis ​​na cultura da traição.