‘Vamos meter o dedo na energia elétrica’, diz Bolsonaro

Um dia depois de anunciar mudança no comando da Petrobras, o presidente Jair Bolsonaro prometeu interferir em outro setor no qual os preços estão altos. “Vamos meter o dedo na energia elétrica, que é outro problema também”, disse Bolsonaro em conversa com apoiadores neste sábado, 20, em Brasília.
Em vídeo divulgado nas redes sociais, Bolsonaro começa reclamando da Petrobras. “Não é aumentando o preço de acordo com o petróleo lá fora e o dólar aqui dentro, é mais do que isso, a preocupação é ganhar dinheiro em cima do povo”, diz o presidente. “Não justifica 32% de reajuste do Diesel no corrente ano. Ninguém esperava essa covardia desse reajuste agora”. Em seguida, o presidente passa a criticar o setor de energia elétrica. Assim como eu dizia, que queriam me derrubar na pandemia pela economia, fechando tudo, agora resolveram atacar na energia. Vamos meter o dedo na energia elétrica, que é outro problema também”, finaliza.
Na sexta-feira, Bolsonaro anunciou a indicação do general Joaquim Silva e Luna para o comando da Petrobras no lugar do demitido Roberto Castello Branco. A mudança derrubou as ações da estatal nas bolsas, mas ainda depende do aval do Conselho de Administração, que deve se reunir na próxima semana
Bolsonaro já havia comentado sobre a troca no comando da Petrobras ao longo deste sábado. Pela manhã disse ter de “governar, trocar as peças que porventura não estejam dando certo”. “Se a imprensa tá preocupada com a troca de ontem, na semana que vem teremos mais. O que não falta para mim é coragem para decidir pensando no bem maior da nossa nação”, anunciou, durante cerimônia de entrada de novos alunos da escola preparatória de cadetes do Exército, em Campinas.  
O presidente também falou que se tudo tivesse que depender dele, “não seria esse o regime que nós estaríamos vivendo”.  “Alguns acham que eu posso fazer tudo. Se tudo tivesse que depender de mim, não seria esse o regime que nós estaríamos vivendo. Apesar de tudo, eu represento a democracia no Brasil”, afirmou. Mais tarde, porém, em transmissão ao vivo, ele negou interferência na estatal. “Vamos continuar sem interferir, interferência zero, zero, contudo vai ter transparência e previsibilidade”, disse Bolsonaro.
A live foi feita dentro do carro, divulgada pelo filho, o deputado Eduardo Bolsonaro. O presidente demonstrou certa irritação com os críticos, que incluem presidenciáveis como Luciano Huck e Ciro Gomes, e se diz incomodado com a forma como a empresa tem sido administrada. “Vocês sabiam que desde março do ano passado o presidente da Petrobras está em casa, assim como a sua diretoria? Não dá para governar, não é? Estar à frente de uma estatal, dessa maneira? Coisas erradas acontecem”, disse Bolsonaro.